Todos os dias há
de morrer alguém, fato este, que acomoda uma vizinhança que espera
impacientemente sua hora. Primeiro fora Manuel, dono de um bar muito
requisitado, quando numa noite comum partira sem deixar recado.
Seus familiares,
muito bravos, não recebera ninguém para visita dos pêsames, entretanto não
achavam justo todos saberem de sua hora de partida e não deixar-se nem se
despedir. Augusto, o dono da padaria, no dia seguinte também se foi, a única
coisa que ficou foi a lembrança de seus maravilhosos pãezinhos, que servira em
nossas mesas todas as manhãs.
Olha só, Clarice
que dera antes todas as notícias de morte, hoje nos deixou e só agora fico
sabendo, pois, a principal informante dos fúnebres acaba de partir. E assim se
foi um a um nos deixando num ato egoísta de dar nos nervos, mas a certeza que
nos deixara é que se vão e nunca mais voltam.
Corri para
abraçar uns dos remanescentes da rua, mas todos me disseram que estavam com
pressa que não tinham tempo a perder, coisas da vida e tal. Então percebi que
algo estava errado, pois como eles são, sou também.
Moro na mesma
rua e terei o mesmo destino que todos, porque então não corro, ou pelo menos me
apresso os passos? Bom, enquanto não chega meu dia de morrer vou vivendo,
aliás, me mudei para outra rua, a rua da vida.
Autor: Angleythom Fernando da Silva
Poema selecionado para o Sarau de Letras em homenagem aos formandos de 2012 (UNICSUL).
Poema selecionado para o Sarau de Letras em homenagem aos formandos de 2012 (UNICSUL).
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