sábado, 8 de dezembro de 2012

A RUA DA MORTE.


Todos os dias há de morrer alguém, fato este, que acomoda uma vizinhança que espera impacientemente sua hora. Primeiro fora Manuel, dono de um bar muito requisitado, quando numa noite comum partira sem deixar recado.

Seus familiares, muito bravos, não recebera ninguém para visita dos pêsames, entretanto não achavam justo todos saberem de sua hora de partida e não deixar-se nem se despedir. Augusto, o dono da padaria, no dia seguinte também se foi, a única coisa que ficou foi a lembrança de seus maravilhosos pãezinhos, que servira em nossas mesas todas as manhãs.

Olha só, Clarice que dera antes todas as notícias de morte, hoje nos deixou e só agora fico sabendo, pois, a principal informante dos fúnebres acaba de partir. E assim se foi um a um nos deixando num ato egoísta de dar nos nervos, mas a certeza que nos deixara é que se vão e nunca mais voltam.

Corri para abraçar uns dos remanescentes da rua, mas todos me disseram que estavam com pressa que não tinham tempo a perder, coisas da vida e tal. Então percebi que algo estava errado, pois como eles são, sou também.

Moro na mesma rua e terei o mesmo destino que todos, porque então não corro, ou pelo menos me apresso os passos? Bom, enquanto não chega meu dia de morrer vou vivendo, aliás, me mudei para outra rua, a rua da vida.

Autor: Angleythom Fernando da Silva
Poema selecionado para o Sarau de Letras em homenagem aos formandos de 2012 (UNICSUL).



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